sexta-feira, 23 de março de 2018

Síndrome de Dumping

A síndrome de dumping é ocasionada pela passagem rápida do estômago para o intestino, de alimentos com grandes concentrações de gordura e/ou açúcares, em pacientes submetidos a cirurgias gástricas, como a bariátrica e metabólica, como resultado da alteração anatômica do estômago.

Ela ocorre após a ingestão de alimentos ricos em gordura (óleos vegetais e carnes gordurosas) ou em carboidratos simples (doces, leite condensado, mel, chocolates, geléias e refrigerantes), levando a sintomas, como: cefaléia, taquicardia, sudorese, náuseas, fraqueza e diarréia. Estes sinais podem ser precoces (de 30 a 60 minutos após a refeição) ou tardios (de 1 a 3 horas após a refeição).

"Não são todos os pacientes submetidos a essas cirurgias que apresentam a Síndrome de Dumping e determinadas técnicas cirurgias tem menores chances de de levar ao quadro do que outras. Como tratamento preventivo não existe uma lista determinada de alimentos que levam necessariamente ao quadro para ser evitada. Somente após a cirurgia é que o paciente saberá se tem sensibilidade ou não para o aparecimento dos sintomas, na ingestão de alimentos mais suscetíveis. Apesar de não ter cura e poder acompanhar o indivíduo por toda a vida, a grande maioria das pessoas aprende a conviver com o dumping, evitando os alimentos que lhes são menos favoráveis", diz a nutricionista do Einstein, Gabriela Tavares Braga.

Os pacientes com sinais frequentes de dumping devem ser tratados com modificações dos hábitos alimentares: evitar o consumo de açúcar, doces e alimentos gordurosos; fracionar a alimentação em aproximadamente 6 refeições por dia em menores volumes; não ingerir líquidos durante as refeições (consumir até 1 hora antes e 1 hora após); aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras; e mastigar bem. É também aconselhável associar alimentos fontes de proteína no consumo dos carboidratos (torrada com queijo branco), para lentificar o tempo de digestão dos mesmos. Pela mesma razão, a suplementação de módulos de fibras pode auxiliar em alguns casos.

Fique atento! Caso apresente os sintomas descritos acima, deve-se permanecer sentado ou deitado, até que passem. Caso a síndrome de dumping ocorra com freqüência, procure o seu médico e o seu nutricionista.

segunda-feira, 19 de março de 2018

Estomaphix: uma nova chance para quem ganha peso após cirurgia bariátrica

O número de obesos aumenta no mundo a cada dia e a cirurgia bariátrica vem se tornando um importante aliado no tratamento de pacientes com obesidade mórbida. Além de perder grande quantidade de peso, homens e mulheres no mundo inteiro têm recuperado sua autoestima e ganhado os benefícios da melhora, ou mesmo cura, do diabetes, controle da pressão arterial, dos lipídeos sanguíneos, dos níveis de ácido úrico e alívio das dores articulares. No entanto, pelo menos metade desses pacientes volta a engordar no pós-operatório.
O fato é que a cirurgia bariátrica é um procedimento complexo, delicado, e impõe uma mudança fundamental nos hábitos alimentares dos indivíduos, o que nem sempre acontece. Portanto, é primordial que o paciente conheça muito bem o procedimento cirúrgico e quais os riscos e benefícios da cirurgia. “Só dessa forma, com orientações técnicas, acompanhamento psicológico e o apoio da família que o paciente pode passar por todas as fases do processo sem perder o foco no meio do caminho”, alerta o médico cirurgião geral e especialista em emagrecimento, Dr. Sérgio Barrichello (CRM-111.301).
Método revolucionário e menos agressivo
Um novo método, no entanto, promete dar uma segunda chance para quem já passou pelo processo de redução de estômago e voltou a ganhar peso: o Estomaphix. Criada nos Estados Unidos, a técnica é conduzida através de endoscopia. Após aplicação de anestesia, um aparelho flexível é introduzido pela boca do paciente até o neo-estômago e a junção entre o estômago e o intestino. O aparelho aspira e faz cerca de 20 grampeamentos nas paredes do estômago dilatado da pessoa, fazendo com que o órgão volte a ficar pequeno. “Com a aproximação tecidual, o espaço por onde a comida passa diminui e, com a redução do órgão, o paciente volta a ter a sensação de saciedade que tinha logo após a primeira operação”, conta o médico.
O paciente submetido ao método volta a ter uma dieta normal em 30 dias, inicialmente ingerindo alimentos líquidos e pastosos. Segundo Barrichello, o método também tem baixos índices de complicações e permite que os pacientes retornem quase que imediatamente a sua vida normal. Isso acontece porque é um método que não necessita de cortes. “Na maioria dos casos há ausência de qualquer tipo de cicatrização e dores posteriores. O paciente também não precisa ficar internado num hospital. Em poucas horas após a procedimento ele pode ir pra casa e, na maioria dos casos, trabalhar no dia seguinte”, explica.
Apesar de minimamente invasivo, alguns cuidados são necessário antes de decidir se submeter ou não ao Estomaphix. O Dr. Sérgio Barrichello dá algumas dicas:
Indicações: Se você está recuperando peso porque o seu estômago está ‘esticado’ nos últimos meses ou anos, desde a cirurgia bariátrica; ou se você nunca foi capaz de alcançar o peso desejado, apesar da cirurgia. “Não há exigência de peso mínimo, no entanto, uma consulta médica e uma simples endoscopia digestiva alta são necessárias para verificar se você é um candidato viável para este procedimento especializado”, adverte.
Após a cirurgia: Estomaphix é um procedimento ambulatorial, que permite aos pacientes voltarem para casa no mesmo dia. A maioria se sente bem o suficiente para voltar ao trabalho rapidamente. No entanto, a atividade física é limitada por um curto período. “Para maximizar o seu sucesso e ajudar o processo de cura, orientações nutricionais e acompanhamento regular com seu médico são uma exigência”, alerta.
Riscos: Como não existem incisões, não há formação de cicatrizes e o risco de infecção, hemorragia e outras complicações são reduzidas. Efeitos colaterais comuns incluem dor de garganta, um leve desconforto no pescoço ou no peito, e um certo ‘aperto’ no estômago nos primeiros dias. “Alguns pacientes podem tomar um analgésico para estes sintomas, mas na maioria das vezes dá para conviver confortavelmente com eles”, diz o cirurgião.

Pedagoga emagrece 49 kg depois de ter segunda cirurgia bariátrica negada

Para conseguir emagrecer, Érika Ribeiro Mattos, de 35 anos, precisou, em primeiro lugar, aceitar que tinha um distúrbio alimentar. Depois de admitir sua compulsão por comida, foi preciso entender que ela era a única pessoa responsável pelo seu emagrecimento. Não havia terapia, nem remédio ou cirurgia que pudessem dar a ela um “passaporte mágico” para a magreza.
“Sempre tentei fazer regime com acompanhamento médico e com muitos remédios inibidores de apetite, e sempre sofri do efeito sanfona. Depois de um tempo morando na Holanda, fui até fazer um tratamento em uma clínica para pessoas com distúrbio alimentar. É lógico que nada resolveu, afinal eu sempre achei que o problema era de todo mundo, menos meu. Eu queria a solução, mas não queria ter que resolver o problema”, admite.
“Fui a uma nutricionista daqui e despenquei a chorar. Ela disse que eu precisava ir a um psicólogo e me encaminhou para a clínica especializada em distúrbios alimentares. Fiz tratamento por uns três ou quatro meses, mas além de ser longe da minha casa, por causa da diferença de cultura eu não gostei da abordagem”, conta.
Érika optou, então, por uma cirurgia bariátrica, mas teve o procedimento negado. “Fiz todos os testes numa clínica especializada, mas a parte psicológica me barrou, e não fizeram nada. Apesar de todo o histórico familiar, ninguém nunca chegou a sugerir um tratamento”, comenta. Érika sempre sofreu com o excesso de peso e outras pessoas da família também enfrentam o problema. Seu irmão mais velho morreu de infarto com apenas 30 anos – ele tinha diabetes, pressão alta e era obeso.
Nascida em São José dos Campos, no interior de São Paulo, Érika se casou com um holandês e mudou-se para Arnhem em 2007. Acostumada a tentar controlar seu peso recorrendo a inibidores de apetite, ela engordou ainda mais depois de se mudar para a Holanda, onde este tipo de medicamento não é vendido.
Para matar a saudade do Brasil, Érika Ribeiro Mattos come arroz e feijão na Holanda (Foto: Arquivo pessoal/Érika Ribeiro Mattos)Para matar saudade do Brasil, às vezes ela recorre ao arroz e
feijão na Holanda (Foto: Arquivo pessoal/Érika Ribeiro Mattos)
No meio de todo este processo, a pedagoga engravidou. Num país que incentiva o parto domiciliar acompanhado por parteiras, Érika teve que fazer seu pré-natal num hospital, por causa do histórico de saúde e do excesso de peso. No fim da gravidez, ela teve pré-eclâmpsia e o bebê acabou nascendo prematuro, aos 7 meses de gestação. “Depois disso, comecei a engordar, engordar e engordar. Tudo começou a me afetar, a distância do país, da família, problemas do dia a dia.”
Desesperada com esse cenário, Érika tentou novamente se submeter a uma cirurgia de redução de estômago, mas, pela segunda vez, foi impedida. O médico explicou para a brasileira que a cirurgia era arriscada demais, e que não poderia submetê-la a tal risco se fosse para a pedagoga continuar com os hábitos que tinha. “Saí de lá revoltada. E então, decidi: ou eu mudo por mim mesma, ou eu vou morrer.”
Erika Ribeiro Mattos emagreceu quase 50 kg depois de finalmente admitir que tinha um distúrbio alimentar (Foto: Arquivo pessoal/Érika Ribeiro Mattos)Pegagoga teve pré-eclâmpsia no fim da gravidez e filho nasceu prematuro, aos sete meses de gestação (Foto: Arquivo pessoal/Érika Ribeiro Mattos)
A primeira decisão foi tentar controlar os ataques compulsivos, mas sem necessariamente reduzir o volume ou mudar o tipo de comida. Depois de dois meses conseguindo resistir, Érika passou então a controlar a quantidade de comida e a fazer trocas saudáveis.
Se antes Érika chegava a consumir de 8 mil a 10 mil calorias por dia, segundo ela, hoje o consumo está limitado a até 2 mil calorias. A pedagoga passou a comer de três em três horas e aumentou a ingestão de frutas, salada, iogurte e barrinhas de cereal. “Não fiz dieta, eu controlo os ataques compulsivos – e isso é para o resto da minha vida. Hoje, se você me perguntar, eu sei o que comi o dia inteiro, e isso era impossível antes. Com o tempo, você vê o que funciona e vai se adaptando. Se você me oferecer batata frita, eu vou querer um prato de salada, porque passei a entender a relação de causa e efeito.”
Embora não esteja frequentando a academia com assiduidade – Érika até está inscrita, mas quase nunca vai – ela anda, em média, de 12 km a 15 km de bicicleta por dia, levando o filho na garupa. Ela também tentou correr, mas problemas no joelho fizeram-na diminuir o ritmo e a pedagoga tem optado pela caminhada. Érika já participou duas vezes de um evento de 25 km de caminhada que acontece sempre na Holanda. “São cerca de 6 horas caminhando”, diz.
"Quando eu percebi que o problema era meu, que era eu que tinha realmente que mudar e que ninguém ia fazer nada por mim, foi aí que as coisas começaram a dar certo. (...) É uma luta para o resto da vida.”
Erika Ribeiro Mattos emagreceu quase 50 kg depois de finalmente admitir que tinha um distúrbio alimentar (Foto: Arquivo pessoal/Érika Ribeiro Mattos)

Posso fazer uma segunda cirurgia bariátrica ?

Estudos revelaram que alguns pacientes que fazem a cirurgia bariátrica (gastroplastia) podem recuperar algum peso caso não sigam as recomendações médicas. Dentre os fatores que ocasionam esse reganho de peso podemos citar: a compulsão alimentar ligada à ansiedade que causa a dilatação do estômago já operado. Uma observação importante é que o ganho de até 10% do peso perdido após dois anos de cirurgia é considerado normal.
Sedentarismo, ingestão de alimentos calóricos como doces- que não saciam a fome, ‘beliscar’ e ingerir bebidas alcoólicas, são fatores que só favorecem o ganho de peso.
Mas o que fazer quando isso acontece?
Uma alternativa é a aplicação de Plasma de Argôniouma espécie de raio laser. O objetivo desse procedimento é diminuir a anastomose, região onde o alimento passa, que sai do estômago para o intestino, reduzindo assim a fome do paciente, que fica saciado por mais tempo. São realizadas no mínimo, três sessões, com intervalos de seis a oito semanas entre cada uma delas. É um procedimento ambulatorial, o paciente não precisa ficar internado no hospital, recebe alta logo que acorda da anestesia. A vantagem dessa alternativa é a não necessidade de uma nova cirurgia, mas não se deve esquecer que ter o acompanhamento da equipe multidisciplinar é essencial. Composta pelo cirurgião bariátrico, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta e, endocrinologista; esses profissionais dão suporte e apoio ao paciente para obtenção do sucesso nos resultados.
Outra alternativa é realizar um procedimento chamado Stomaphyx, procedimento que só pode ser feito para pacientes que já foram operados através do procedimento Bypass gástrico em Y de Roux ou Fobi-Capella. É uma técnica feita por meio da endoscopia. É menos dolorosa, tem cicatrização mais rápida, baixa taxa de complicação, sem incisões e cicatrizes. Mesmo sendo via endoscópica, o paciente precisa ser internado, pois a anestesia é geral.
Como o procedimento é realizado: um endoscópio flexível é introduzido pela boca até o estômago. Nele é transportado uma câmera de fibra ótica e uma ferramenta tubular cirúrgica. O tecido do estômago é puxado por sucção pelo aparelho, e em torno de 35 prendedores em formato de “H”, são colocados estrategicamente da parede do estômago para criar pregas nos tecidos e reduzir o tamanho do órgão.
Após a escolha de qualquer um desses procedimentos, o acompanhamento do paciente com um psicólogo ou psiquiatra é muito importante. O tratamento da ansiedade é um grande passo. E como sempre, lembrar de realizar atividades físicas e procurar ter uma boa alimentação é imprescindível para o não reganho de peso.