terça-feira, 26 de abril de 2011

CIRURGIA BARIÁTRICA FOBI-CAPELLA

“Cirurgia de redução do estômago”, “Bypass gástrico com derivação em Y-de-Roux”, “gastroplastia redutora com derivação intestinal” são alguns nomes também utilizados para identificar essa modalidade de cirurgia bariátrica que foi aperfeiçoada nos Estados Unidos , na década de 80,pelos médicos Dr.Mathias A. L. Fobi e Dr.Rafael Capella.

    No Brasil esta famosa técnica foi difundida já com uma forte referência aos médicos que a idealizaram e por isso a tendência é sempre mencionar “Cirurgia de Fobi-Capella”.

    Como o resultado final desse tratamento depende diretamente das condutas do paciente devemos sempre lembrar que uma preparação adequada com um responsável trabalho de equipe é tão importante quanto o próprio ato operatório. Uma indicação cirúrgica precisa, esclarecimentos e preparação pelo nutricionista, orientações e abordagens da psicologia compõem um cenário de sucesso. A continuidade de seguimento no pós-operatório corrige e apóia o paciente em dificuldades que possam aparecer.

    
Trata-se de uma técnica mista ( modifica o estômago e o intestino) com um caráter gastrorestritivo (redução do tamanho do estômago)bastante predominante sobre o pequeno efeito disabsortivo( redução do trânsito intestinal pelos alimentos). O emagrecimento se deve principalmente pelo fato do estômago do paciente operado ficar pequeno com capacidade apenas para pequenas porções de alimentos de cada vez ( aproximadamente 50 ml). O desvio de aproximadamente 150 cm do intestino delgado também ajuda no emagrecimento do paciente mas sem prejudicar a nutrição já que ainda existirão, aproximadamente, mais 4 m de intestino intactos para uma boa absorção de nutrientes e calorias.

    É considerada uma cirurgia de grande porte realizada em um paciente complexo e de risco ( todo o obeso mórbido deve ser considerado uma paciente grave). A anestesia geral é praticada por uma anestesista experiente com equipamentos adequados que vão monitorar vários dados do paciente durante a cirurgia ( pressão sangüínea, oxigenação do sangue, CO2, funcionamento cardíaco,etc.). O paciente não tem nenhuma consciência durante o ato cirúrgico e não sente nenhuma dor.
    Também é possível realizar a mesma ciururgia com os recursos da Vídeo-Laparoscopia. Não realizamos incisão no abdômem. São realizados apenas 6 pequenos furos para que possamos introduzir uma micro-câmera e pinças de trabalho. Todo o ato cirúrgico é realizado sob a visão indireta de um monitor de LCD. Com grampeadores especiais, bisturi hamônico e vários equipamentos adequados podemos fazer a mesma operação conforme descrita abaixo. Nesse caso não costumamos colocar o anel pois o estômago já fica devidamente calibrado.
   Algumas vantagens da cirurgia vídeo-laparoscópica podem ser notadas por índices menores de hérnias incisionais, seromas, abscessos de parede, uma recuperação mais rápida e uma efeito estético melhor pela falta de uma grande cicatriz.
   Por questões de segurança , poderá haver a necessidade de se converter uma cirurgia iniciada por vídeo-laparoscopia em uma cirurgia convencional( com incisão). As indicações e contra-indicações dessa cirurgia por vídeo-laparoscopia deve ser discutida com o seu cirurgião.
 
Siga no desenho a descrição para melhor entendimento

 
1.       Através de uma incisão na linha do meio do abdômen, acima da cicatriz umbilical, de aproximadamente 15 cm de extensão, passamos a ter a visão do interior da cavidade abdominal.
2.       Inicialmente fazemos um inventário das vísceras para avaliarmos se existe alguma alteração não detectada nos exames pré-operatórios.
3.       A cirurgia consiste em utilizar um grampeador linear cortante que fecha e separa em duas partes uma porção alta e limitada do estômago original formando, dessa forma, um novo estômago pequeno.
4.       Essa pequena bolsa recebe um pequeno anel não ajustável de silicone flexível que é colocado em torno desse novo estômago fazendo uma cintura e dando a ele um aspecto de ampulheta.
5.        Na porção final dessa pequena bolsa gástrica fazemos uma junção (anastomose) com uma parte do intestino fino (jejuno) que foi desviada em aproximadamente 1m e passa a ser chamada alça alimentar do Y-de-Roux.
6.       O grande estômago que agora ficou separado continuará a produzir sucos digestivos e a sua produção de acidez fica bastante diminuída, pois, os alimentos não chegarão mais nesse grande estômago residual.
7.        A passagem dos sucos digestivos prossegue como antes para o duodeno em direção a outra parte do intestino fino (jejuno) para completar a outra parte do Y-de-Roux. As duas alças intestinais são ligadas fechando o pé do Y.
8.       Através de uma sonda passada pelo anestesista em direção ao novo estômago introduzimos uma solução de Azul de Metileno por duas vezes para testarmos se não existe nenhum vazamento nas linhas dos grampeamentos e nas anastomoses.
9.       É feito o fechamento das brechas peritoneais, lavagem e limpeza da cavidade abdominal, revisão completa e só então prossegue o fechamento reforçado da parede abdominal.
10.   Em casos especiais podem ser colocados drenos e sondas de gastrostomia ( sonda dentro do estômago isolado) que deverão ser retirados o mais breve possível após a recuperação do paciente.